Uma vez meus coleguinhas iam eleger o aluno mais idiota do colégio, aí levei um bolo de aniversário e taquei na minha cara na frente de todos, só pra verem como eu era idiota e merecia ganhar o concurso.
Mas não ganhei, não lembro porque, certamente alguém resolveu levar fanta laranja e colocar na própia calça pra fingir que era xixi ou algo parecido, então ganhou. Mas já que perdi, resolvi fazer outro concurso, quem bebesse mais água seria o mais forte, já que o de idiota eu já tinha perdido, propus esse. E ganhei. Qual era o prêmio da vitória, advinha?
Uma caixa de fósforos... com uma barata dentro... viva. (pode crer que meus coleguinhas eram tão idiotas quanto eu)
O irônico é que até hoje creio que sou forte, mas o duro é acreditar que ninguém é forte por beber água, até porque todos precisam de água, não é uma questão de escolha "escolhi ser forte, escolhi água mineral", é uma questão de necessidade.
Bom, o menino que eu gostava, o Carlos Henrique, era gay. Minha melhor amiga morava em Cordovil e usava luva de lã, suspeitava que era vitiligo, algo do gênero.
Eu sonhava em ser atriz, eu tinha 9 anos, eu tinha 9 anos! Aí escrevi uma carta pra essa minha amiga, Ana Luiza, dizendo: "Ana Luiza, quando eu for uma atriz famosa com minha banda de pagode aos meus 20 anos, quero você falando de mim no Faustão". (escrevi isso com 9 anos, não hoje, acho que não deixei claro)
Eu inventava que tinha uma banda de pagode, e mentia por aí pra exercer minha profissão imaginária de atriz, dizia que meu avô era rei da Espanha, que conhecia o pessoal do Karametade, que tinha leucemia e etc.
Sendo que meu avô sempre foi um índio de Alagoas e as únicas doenças que tenho são bronquite, sinusite e rinite. Já quanto a banda de pagode...
...era mentira, COM A GRAÇA DO DIVINO.
Tava pensando nisso agora, sabe, decisão arriscada essa de a minha mãe não ter me levado num psiquiatra naquela época, porque diabos ela confiava tanto em mim a ponto de ter certeza de que todas essas minhas imbecilidades iram acabar um dia?
Eu só era legal com meu avô Roberto (esse não é o índio, esse é o outro) e com meus primos. Mas até com eles tive uma fase louca, lembro que uma vez peguei uma bicicleta, 20 centavos, um anel azul quebrado, e fugi, lá em Muriqui, fui parar muito longe, maluco, numa linha do trem com uns cavalos brancos, uma cachoeira. Pensei que fosse um filme, tive medo. Então voltei e nunca mais fugi, só da faculdade esse ano.
Eu também tinha uma de roubar os cremes da minha vó, passar os cremes de cabelo, no olho, os do rosto, no cabelo, os de corpo, no rosto. E eu sabia que tava errado, eu passava assim porque queria, questão de independência, escolha própia, nem pela indústria dos cosméticos e nem pela minha própia beleza e juventude eu iria seguir regras. Sim, eu era idiota.
Mas aí eu cresci, e acho que me tornei uma pessoa legal.
Nem mentir mais eu sei, sou do bem.
Mas sei lá, talvez eu não minta mais porque não preciso, minhas verdades se tornaram inacreditáveis, não preciso mais mentir pra transmitir emoção, a emoção tá nessas verdades, eu acho.
Eu acho, acho.
terça-feira, 6 de outubro de 2009
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Um comentário:
Eu já me vesti de mendiga uma vez e fiquei pedindo na rua, toda suja, pq minha mãe ñ quis me dar dinheiro pra comprar um álbum de figurinhas (pq eu já tinha gastado a mesada toda nele). E qd meu pai me levou pra escolher o carrinho eu preferi o de fórmula 1 ao da Barbie.
Acho q idiota somos agora pq ñ podemos fazer e temos q agir com a razão ;P
(ah, te achei no twitter. www.twitter.com/ma_b)
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